quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A primeira vez na heroína

Não posso enganar as pessoas que entram aqui no blog e dizer que não gostei da minha primeira vez na heroína, que não foi bom, apenas posso dizer que esse prazer não deve ser aceite pois tudo tem um preço.
E mais uma vez : -Olha para o que eu te digo e não para o que eu faço.
Mas passando ao assunto do post:
A minha primeira vez foi única, não vomitei nem nada, senti uma paz interior profunda, como a de um religioso fanático quando vai ao culto ou talvez muito melhor (Uma vez que eu não sei muito bem o que um religioso fanático sente).
Era como se o mundo fosse construído de amor e rosas, tudo á minha volta parecia magnifico, dava gosto viver com o pensamento positivo que a heroína me dava.
Eu simplesmente apaixonei-me pelo efeito, embora custa-se muito mais que um charro de polex, fazia um efeito revolucionário, foi amor á primeira vista, quis voltar a consumir novamente, assim que tivesse dinheiro (o que aconteceu muito rápido.
Passado alguns dias, lá estava eu ao pé do mesmo mano de sempre, já com o dinheiro suficiente para ir fumar uma chinesa (Heroína na prata).
Nesse dia, a droga fez um efeito ainda maior, comecei a ficar com a visão turva e acabei por vomitar muito.
Depois de vomitar, veio a paz novamente, aquele sono muito pesado começou a evadir a minha cabeça, e quando cheguei a casa fui logo dormir, nem sequer me apeteceu comer nem nada.
No dia seguinte continuava com dinheiro, e lá fui eu mais uma vez consumir.
Nesse dia já não vomitei, continuei a sentir o efeito de paz, que mais tarde se tornaria em guerra para voltar a sentir a paz. (Como os politicos dizem que fazem guerra pela paz, assim era eu).
A partir daí comecei a ficar compulsivo, a minha dor emocional tinha se tornado ainda maior que antes, comecei a querer consumir todos os dias, e passado mais um dia a famosa ressaca que iniciou todos os meus esquemas para consumo.
Comecei a roubar, a manipular todo o tipo de pessoas que pudesse manipular, aí já não era mais aquela paz que eu pensava ser quando comecei a consumir, muito pelo contrário, era uma vida baseada na guerra, não procurei ajuda para me libertar, pois o que eu queria era voltar a sentir a paz mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez.
Mas há um dia em que a pessoa nota que afinal o efeito de paz é apenas uma ilusão, e é nesse dia que a pessoa em vez de continuar na guerra deve se dirigir ao centro de atendimento ao toxicodependente e tratar-se.
As primeiras vezes iludem-nos sempre, é como aquela mulher que se apaixona á primeira vista por um homem, e mais tarde é vitima de violência doméstica por parte dele, é assim a droga.

Cuidado.

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