Não posso enganar as pessoas que entram aqui no blog e dizer que não gostei
da minha primeira vez na heroína, que não foi bom, apenas posso dizer que esse
prazer não deve ser aceite pois tudo tem um preço.
E mais uma vez : -Olha para o que eu te digo e não para o que eu faço.
Mas passando ao assunto do post:
A minha primeira vez foi única, não vomitei nem nada, senti uma paz
interior profunda, como a de um religioso fanático quando vai ao culto ou
talvez muito melhor (Uma vez que eu não sei muito bem o que um religioso
fanático sente).
Era como se o mundo fosse construído de amor e rosas, tudo á minha volta
parecia magnifico, dava gosto viver com o pensamento positivo que a heroína me
dava.
Eu simplesmente apaixonei-me pelo efeito, embora custa-se muito mais que um
charro de polex, fazia um efeito revolucionário, foi amor á primeira vista,
quis voltar a consumir novamente, assim que tivesse dinheiro (o que aconteceu
muito rápido.
Passado alguns dias, lá estava eu ao pé do mesmo mano de sempre, já com o
dinheiro suficiente para ir fumar uma chinesa (Heroína na prata).
Nesse dia, a droga fez um efeito ainda maior, comecei a ficar com a visão
turva e acabei por vomitar muito.
Depois de vomitar, veio a paz novamente, aquele sono muito pesado começou a
evadir a minha cabeça, e quando cheguei a casa fui logo dormir, nem sequer me
apeteceu comer nem nada.
No dia seguinte continuava com dinheiro, e lá fui eu mais uma vez consumir.
Nesse dia já não vomitei, continuei a sentir o efeito de paz, que mais
tarde se tornaria em guerra para voltar a sentir a paz. (Como os politicos
dizem que fazem guerra pela paz, assim era eu).
A partir daí comecei a ficar compulsivo, a minha dor emocional tinha se
tornado ainda maior que antes, comecei a querer consumir todos os dias, e passado
mais um dia a famosa ressaca que iniciou todos os meus esquemas para consumo.
Comecei a roubar, a manipular todo o tipo de pessoas que pudesse manipular,
aí já não era mais aquela paz que eu pensava ser quando comecei a consumir,
muito pelo contrário, era uma vida baseada na guerra, não procurei ajuda para
me libertar, pois o que eu queria era voltar a sentir a paz mais uma vez e mais
uma vez e mais uma vez.
Mas há um dia em que a pessoa nota que afinal o efeito de paz é apenas uma
ilusão, e é nesse dia que a pessoa em vez de continuar na guerra deve se
dirigir ao centro de atendimento ao toxicodependente e tratar-se.
As primeiras vezes iludem-nos sempre, é como aquela mulher que se apaixona
á primeira vista por um homem, e mais tarde é vitima de violência doméstica por
parte dele, é assim a droga.
Cuidado.
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