sábado, 23 de agosto de 2014

Sindrome de abstinência alcoólica

Síndrome de Dependência de Álcool

A Síndrome de Dependência de Álcool (SDA), é um quadro clínico que é caracterizado por sinais e sintomas cognitivos, psicológicos, físicos e comportamentais que altera a rotina de vida do dependente e de sua família.
Para Campana et al. (1997) a SDA pode ser avaliada em alguns sinais e sintomas:
a) Tendência dos dependentes a gradativamente estereotiparem seu padrão de ingestão, em termos de quantidade e freqüência, em termos de preferência por determinadas bebidas, em ocasiões e em companhias;
b) A relevância da bebida, o dependente organiza suas atividades e seus compromissos em função da existência de programações que estejam incluídas a bebida;
c) Os sintomas de abstinência surgem caracterizando a síndrome de abstinência. Os sintomas podem ser: tremores, sudorese, perturbação do humor, e náuseas;
d) A alívio dos sintomas de abstinência com a ingestão maior de bebida;
e) A percepção da compulsão a beber, é caracterizada pela perda do controle da vontade, onde o dependente desiste deste controle;
f) Para dependentes que ficam anos sem beber, a tolerância é reinstalada com rapidez.
O alcoolismo é caracterizado pela perda do controle entre beber e não beber, quando e onde o fazer.
A dependência física causada no indivíduo que é alcoolista é resultante do processo de adaptação do organismo e independe da vontade deste (Sanchez et al., 1982).
O organismo do dependente se defende da ingestão freqüente de álcool desenvolvendo o mecanismo de tolerância, significando que com o uso regular desta droga o organismo sente cada vez menos o seu efeito, sendo necessário uma ingestão ainda maior, ou seja, há a perda ou a diminuição da sensibilidade aos efeitos iniciais do álcool. Acrescentando que este mesmo organismo desenvolve uma tolerância para qualquer outro tipo de droga, quer seja similar, ou não, caracterizando assim a tolerância cruzada (Sanchez et al., 1982).
Podemos entender como tolerância cruzada a relação existente entre as diferentes drogas, tornando o organismo do dependente mais resistente aos efeitos causados por elas (www.alcoolismo.com.br).
A Classificação Internacional de Doenças (CID 10), define a SDA como: “… Um conjunto de fenômenos fisiológicos ou comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância (álcool, neste caso), ou de uma classe de substâncias, alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor. Uma característica descritiva central dessa a síndrome é o desejo (freqüentemente forte e algumas vezes irresistível) de consumir drogas psicoativas (as quais podem ou não ter sido medicamente prescritas), álcool ou tabaco. Pode haver evidência de que o retorno ao uso da substância após um período de abstinência leva a um reaparecimento mais rápido de outros aspectos da síndrome em indivíduos não dependentes”.
Já a síndrome de abstinência se caracteriza pela privação de drogas no organismo. No que diz respeito ao alcoolista, ao estar privado da substância apresenta sensações físicas tais como: ansiedade, tremores nas mãos e língua, alterações cardiovasculares e nos casos mais avançados da dependência pode ocorrer um estado confusional denominado Delirium Tremens, surgindo alucinações visuais, auditivas ou táteis, febres e colapso cardio – circulatório, podendo vir a ocorrer o óbito (Sanchez et al., 1982).
Segundo os mesmos autores, o álcool é um depressor do sistema nervoso central (SNC), deprimindo primeiramente o córtex cerebral provocando sensações de relaxamento e diminuição da censura. Alguns indivíduos relatam sensação de bem estar e euforia, porém em seguida, sentimentos de angústia e hostilidade podem vir a surgir. Em seguida, é apresentada uma embriaguez e fala lenta e confusa com sonolência, com a ingestão ainda maior de doses levam à depressão dos centros respiratórios , estupor , coma até chegar à morte.
O álcool é uma droga que admite seu uso sem dependência, desde que se atentem para a frequência e circunstâncias de sua ingestão. O vício em álcool não se faz da noite para o dia, leva em geral, anos para que ocorra a dependência, e é caracterizado pela prioridade e pelo espaço cada vez maior na vida do indivíduo (Campana et al., 1997).
Segundo os mesmos autores, algumas teorias biológicas sugerem que alguns indivíduos têm uma maior propensão ao desenvolvimento desta dependência, devido a características biológicas inatas, defendendo que estes indivíduos não conseguem se limitar a uma ou duas doses, perdendo assim o controle da situação .
Calcula-se que aproximadamente 10% das mulheres e 20% dos homens utilizam o álcool de maneira abusiva; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam dependência alcoólica (Louzã , 2004).
No que tange à vulnerabilidade ao álcool, as mulheres se apresentam mais vulneráveis, sendo que a mesma quantidade de álcool consumida por um homem é menos prejudicial para este quando comparado ao organismo de uma mulher. Nota-se que o índice é maior entre as mulheres separadas e entre a faixa etária de 26 à 34 anos de idade ( www.psicosite.com.br).
Segundo Ballone (2002), as causas que levam um indivíduo à dependência alcoólica advêm de vários fatores como o biológico, social e psicológico.
No que se refere ao fator psicológico, é fato que em nosso dia a dia vivemos conflitos intrapsíquicos e interpessoais, tensões cotidianas que por vezes resultam num aparecimento de sintomas ansiógenos, sintomas estes que podem ser aliviados com o uso de álcool, por exemplo. No entanto, é importante ressaltar que esse alívio é ilusório, pois o fator causal da ansiedade não desapareceu com a ingestão do álcool.
May (1980), ressalta que a ansiedade propriamente dita, é o sentimento de apreensão a uma ameaça a algo de valor que o indivíduo considera essencial para sua existência. Esta ameaça pode ser a existência física, psicológica ou de valores atribuídos a determinadas situações ou objetos .
Para se compreender o fenômeno da ansiedade, se faz necessário também conhecer aspectos dapersonalidade humana. A personalidade é definida segundo Cox (1988), como a soma de todas as características psicológicas e o resultado da interação do indivíduo com o meio em que vive.
Cox (1988), realizou ainda estudos para o conhecimento e entendimento da personalidade de um dependente de álcool, no qual percebeu uma semelhança em suas características, pois são indivíduos que apresentaram impulsividade, independência e inconformismos. Apresentam também facilidade de relacionamento, porém com dificuldades de mantê-los, conduzem suas vidas de maneira diferente das demais pessoas e não se importam com valores sociais.
Para o mesmo autor, nota-se nos indivíduos dependentes de drogas psicotrópicas, sentimentos como melancolia, ansiedade e depressão, resultando num afeto negativo e num autoconceito de desvalia. Mesmo para aqueles indivíduos submetidos a tratamento, o sentimento de menos valia está presente. Este fator implica que há evidências que mesmo a ingestão de álcool dita como “social”, pode desencadear ânimos depressivos e ansiosos.

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